A anestesia é um procedimento que revolucionou o campo médico, tornando-se uma das inovações mais importantes da área ao permitir que pacientes possam realizar procedimentos cirúrgicos sem dores ou desconforto. Atualmente, os diferentes tipos de anestesia contribuem também com tratamentos, como uma forma de analgesia eficaz.
O médico anestesista é o especialista responsável por definir a aplicação ideal em cada situação, tratando também complicações cirúrgicas que possam estar relacionadas a essa prática. A seguir, saiba quais são os diferentes tipos de anestesia, indicações, reações e possíveis complicações!
Uma vez definida e agendada a cirurgia, a visita ao médico anestesista é fundamental para que seja definida a melhor realização entre os diferentes tipos de anestesia. Para isso, o médico deve verificar as condições clínicas, exames laboratoriais e demais exames, como eletrocardiograma, teste ergométrico, cintilografia miocárdica e outros de acordo com o procedimento cirúrgico.
Existem vários tipos de anestesia atualmente, sendo administradas por diferentes vias, como intravenosa (veia), inalatória, regional (somente em determinada região do corpo), combinada (regional e geral), local (realizada somente no local operado), e geral. Confira as principais, a seguir.
Entre os tipos de anestesia, a anestesia local é o procedimento mais comum, usada para bloquear a dor em pequenas regiões do corpo. Diferente da geral e regional, que exigem um anestesista para sua realização, a anestesia local é usada por quase todas as especialidades médicas.
O procedimento é realizado com a aplicação de lidocaína na pele ou tecidos subcutâneos, servindo como bloqueio da dor em diferentes técnicas, como suturas, punções de veias profundas, punções da lombar, biópsia, punção de líquido ascítico, entre outros.
Além disso, a anestesia local pode ser feita por meio de gel ou spray, como em endoscopias, onde o anestésico é aplicado na faringe, diminuindo o incômodo pela passagem do endoscópio.
A anestesia regional é usada em cirurgias mais simples, em que o paciente pode permanecer acordado. Esse tipo de procedimento realiza o bloqueio da dor apenas na região determinada, como braço, perna, ou abaixo do abdômen. Os dois tipos mais utilizados são a anestesia raquidiana e anestesia peridural, também conhecidas como anestesias espinhais.
A anestesia geral é o procedimento anestésico indicado para cirurgias complexas e de grande porte. Entre os tipos de anestesia, a geral é indicada quando as outras não são viáveis, sendo necessário anestesiar todo o corpo do paciente.
Em indivíduos saudáveis, a taxa de complicação deste tipo de anestesia é de apenas 1 para cada 1 milhão de cirurgias, sendo muito segura e eficaz para diferentes procedimentos que podem ser realizados.
Divididas entre raquidianas e peridural, as anestesias espinhais podem também ser combinadas, como raqui-peridural. Em ambos os casos, são realizadas aplicações de soluções anestésicas, produzindo anestesia em apenas alguns segmentos do corpo.
Para a anestesia raquidiana, uma agulha de pequeno calibre é inserida nas costas do paciente para atingir o espaço subaracnoide, localizado dentro da coluna espinhal. Assim, é possível injetar o anestésico no líquido espinhal (chamado liquor), produzindo dormência temporária e relaxamento muscular.
O anestésico presente na coluna espinhal bloqueia os nervos que passam pela coluna lombar, impedindo que os estímulos dolorosos vindos dos membros inferiores e do abdômen consigam chegar ao cérebro.
A raquidiana é a anestesia mais utilizada para cesarianas e procedimentos ortopédicos em membros inferiores (pernas). Já para a realização da anestesia peridural, é preciso administrar o anestésico no espaço epidural, próximo à medula espinhal.
Assim como a raquidiana, ocorre a perda da sensibilidade dos membros inferiores e do abdômen. Nesse tipo de anestesia é possível instalar um cateter no espaço epidural, permitindo o tratamento da dor de forma eficaz com doses de anestésicos subsequentes.
Realizada nos plexos nervosos, a anestesia plexular é indicada para cirurgias em membros, como braços e pernas, visto que oferecem o bloqueio da dor somente nessa área, com duração média que pode variar entre 3 a 6 horas.
De acordo com a SBA (Sociedade Brasileira de Anestesiologia), o anestesiologista é o profissional mais indicado para avaliar o paciente antes de um procedimento cirúrgico. Além de sua formação básica, o especialista cursa uma especialização de 3 anos, com a possibilidade de realizar outras subespecializações.
A consulta de avaliação pré-anestésica é feita para que o especialista possa avaliar a condição do indivíduo para a cirurgia, além de contribuir para decidir entre os diferentes tipos de anestesia de acordo com o procedimento a ser realizado.
Esse profissional conhece o histórico médico do paciente, investigando o uso de medicamentos, procedimentos anteriores, alergias e outras situações que exigem conhecimento.
É durante a consulta pré-anestésica que o anestesiologista explica o uso do anestésico, a recuperação da sedação, e esclarece outras dúvidas do paciente. Essa consulta é fundamental para garantir um procedimento adequado, evitando possíveis reações alérgicas à anestesia que podem ser fatais.
Todos os tipos de anestesia podem apresentar efeitos colaterais, como náusea, vômito e alergia ao anestésico. Em situações mais graves, o paciente pode apresentar parada cardíaca ou respiratória, sofrendo sequelas neurológicas. Também podem ocorrer infecções no local da aplicação, toxicidade sistêmica, calafrios, febre, problemas cardíacos e pulmonar, e cefaleias, mais frequentes após a raquidiana.
A alergia a anestesia é uma reação exagerada do organismo a substância anestésica utilizada em procedimentos. As pessoas alérgicas, principalmente as que têm asma, rinite e dermatite atópica, possuem uma condição genética que determina que reajam de forma exagerada a determinados estímulos, causando os sintomas.
Portanto, as doenças alérgicas não são contagiosas, e sim o resultado de uma resposta individual determinada geneticamente. Os indivíduos alérgicos são mais sensíveis que o resto da população frente a estímulos externos.
Várias substâncias podem desencadear o quadro alérgico, entre elas: inalantes (ácaros, pelos de animais, fungos, pólen), alimentos, medicamentos, cosméticos, e até mesmo substâncias sedativas, como é o caso da alergia a diferentes tipos de anestesia.
As reações causadas pela alergia aos tipos de anestesia são, muitas vezes, difíceis de prever. Entre os medicamentos utilizados em uma cirurgia, por exemplo, estão anestésicos e também outros possíveis causadores de reações, como antibióticos, analgésicos e preventivos de náuseas e vômitos
Por esse motivo, o médico anestesista, cirurgião e toda a equipe de enfermagem presente estão sempre em alerta para possíveis complicações como esta. Ainda que a medicina tenha evoluído e os efeitos adversos após o procedimento cirúrgico estejam mais controlados, é comum observar reações como sonolência excessiva e náuseas, efeitos muitas vezes proveniente da própria anestesia e também dos anestésicos. Contudo, estes aspectos podem variar de pessoa a pessoa.
Diversas reações à alergia a anestesia podem ocorrer após o uso de medicamentos anestésicos. Elas podem ser vistas em um hospital durante uma cirurgia, em um consultório dentário ou mesmo em casa utilizando medicamentos anestésicos. Sobre os sintomas, eles variam entre:
A alergia aos tipos de anestesia pode evoluir para uma condição mais grave, chamada anafilaxia. Essa condição é uma reação alérgica grave, que, quando não tratada rapidamente, pode ser fatal. A anafilaxia é desencadeada pelo próprio organismo quando há uma reação a certo tipo de alérgeno, no caso, a substância anestésica.
A reação anafilática tem início súbito, podendo se desenvolver em poucos minutos ou algumas horas, causando o surgimento de sintomas característicos, como a queda da pressão arterial, inchaço dos lábios, boca e dificuldade para respirar.
Quando há suspeitas de sintomas semelhantes como o que a anafilaxia causa, recomenda-se que a pessoa seja encaminhada imediatamente à emergência médica. Dessa forma, o diagnóstico e tratamento pode ser feito o mais rápido possível. Em geral, o tratamento consiste na administração de medicamentos injetáveis para interromper a ação e monitoração dos sinais vitais.
Os medicamentos utilizados durante procedimentos cirúrgicos ou mesmo em outras situações, como preparo para um exame ou alívio de dores, podem causar desde uma simples vermelhidão na pele até um choque anafilático seguido de morte. Confira a seguir as possíveis respostas do corpo a alergia a anestesia:
Além disso, os dois sintomas mais comuns que podem estar presentes em até 90% dos casos, são: urticária e angioedema. A urticária é uma erupção cutânea que se caracteriza pelas placas avermelhadas por todo o corpo. Já o angioedema é identificado por inchaço da pele e mucosa.
O mais grave que pode ocorrer é a presença do edema na laringe, também conhecido como edema de glote, condição que impede a passagem de ar e interrompe a respiração do indivíduo.
É importante entender que nem toda urticária ou angioedema significa um episódio de anafilaxia relacionado a alergia a anestesia. Um episódio com urticária, mesmo que generalizada, sem a presença do angioedema ou alguns dos sintomas acima, não caracteriza o que é anafilaxia.
Da mesma forma, um angioedema isolado também não é caracterizado como reação anafilática. Isso porque os quadros de alergia são comuns e apresentam muitas vezes estes sintomas. Já a anafilaxia e o choque anafilático são eventos raros. Em casos mais graves, em que o indivíduo desenvolve dificuldade para respirar e choque circulatório, a crise anafilática pode evoluir rapidamente para a morte, caso não seja tratada a tempo.
A melhor forma de tratar a alergia a anestesia é ser encaminhado imediatamente para a emergência hospitalar. A principal maneira de tratamento é o uso da adrenalina (epinefrina). Ela deve ser injetada imediatamente, logo após a constatação da crise. A dose usada para adultos é de 0,3-0,5 mg de solução administrada por via intramuscular, a cada 10 ou 20 minutos, ou quando necessário.
Já a dose para crianças é de 0,01 mg/kg até o máximo de 0,3 mg também intramuscular a cada 5 ou 30 minutos, se necessário. As doses menores, como 0,1 mg a 0,2 mg administradas se necessário, são comumente adequadas para o tratamento da anafilaxia leve, e muitas vezes é associada ao teste cutâneo alérgico ou imunoterapia.
Ao ter conhecimento da alergia a anestesia, é importante que o indivíduo sinalize aos profissionais que estiverem no hospital ou clínica. É importante, antes de receber a prescrição de algum anestésico, informar sobre possíveis alergias. Também, caso use medicações novas, permaneça no hospital por pelo menos 30 minutos após a ingestão ou infusão, como forma de receber o tratamento adequado caso uma crise possa ser desencadeada.