Lavanderia Hospitalar

MANUAL DE LAVANDERIA HOSPITALAR

APRESENTAÇÃO


Muito ainda se questiona a eficácia e a eficiência do setor saúde nos dias de hoje, situação essa em grande parte causada pelo aumento quantitativo e desordenado da rede de serviços, associado aos custos crescentes des- ses serviços e a grande desigualdade de sua distribuição no território na-
cional.
Frente a essa realidade, as normas técnicas constituem importante instrumento para aumentar a tão questionada efetividade do setor, entre outras importantes medidas, tais como a melhor distribuição de serviços de saúde no país, a aplicação de montantes financeiros necessários e, de forma adequada, a unificação do setor saúde, eliminado o grande mosaico existente. Outras medidas, que configuram a atual política de saúde, já estão sendo tomadas, de forma gradativa, porém segura.
Neste contexto, a Divisão Nacional de Organização de Serviços de Saúde ( DNOSS ), da Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde ( SNABS ), do Ministério da Saúde, vem desenvolvendo uma série de publicações que buscam orientar o processo de organização de serviços de saúde, objetivando a sua maior eficácia e eficiência.
Este Manual de Lavanderia é mais um instrumento complementar da série, que servirá de guia aos administradores e usuários da área. Cremos que unidos, profissionais de saúde e o povo brasileiro, tanto na elaboração de normas quanto nas sua execução conseguiremos atingir um resultado satisfatório para o setor saúde, atendendo efetivamente às reais necessidades da população.


Milton Menezes da Costa Neto

INTRODUÇÃO
A lavanderia hospitalar é um dos serviços de apoio ao atendimento dos pacientes, responsável
pelo processamento da roupa e sua distribuição em perfeitas condições de higiene e conservação, em quantidade adequada a todas às unidades do hospital .
Atendendo à demanda de instruções, na área de lavanderia, pela rede hospitalar, o Ministério da Saúde, através da Divisão Nacional de Organização de Serviços de Saúde ( DNOSS ), se propôs, com a ajuda de outros órgãos, elaborar um manual conceitual e orientador visando contribuir para a solução dos problemas atinentes a esse serviço específico.
Esse trabalho, segmento de uma série de instrumentos normativos elaborados, representa o esforço desta administração em revisar e atualizar os conhecimentos e técnicas, já que são inadmissíveis os métodos empíricos ainda hoje utilizados.
O Ministério da Saúde, com a elaboração deste documento, pretende ressaltar a importância da lavanderia dentro do complexo hospitalar, pois da eficácia de seu funcionamento depende a eficiência do hospital, refletindo-se especialmente nos seguintes aspectos:

1- OBJETIVOS

  1. PLANEJAMENTO
    O planejamento de uma lavanderia hospitalar depende de suas funções, complexidade de ações e aspecto econômico das instalações. A lavanderia é de grande importância para o funcionamento das diversas unidades hospitalares e assim, qualquer que seja a sua dimensão e capacidade, deverá ser planejada, instalada, organizada e controlada com o rigor dispensado às demais unidades do hospital.
    A roupa limpa é indispensável ao funcionamento eficiente de um hospital.
    Estudos realizados na área da microbiologia vieram revelar que o processo da roupa em um ambiente único, utilizado nas lavanderias tradicionais, propiciavam a recontaminação constante da roupa limpa na lavanderia. Esses estudos mostraram ainda, que grande número de bactérias jogadas no ar, durante o processo de separação da roupa suja, contaminava todo o ambiente circundante.
    Tais descobertas revolucionaram a planta física da lavanderia hospitalar, as instalações, o equipamento e os métodos utilizados no processo da roupa.
    A principal medida introduzida na moderna lavanderia hospitalar, para o controle das infecções, foi a instalação da barreira de contaminação, que separa a lavanderia em duas áreas distintas:

Ao se pensar em construir ou reformar uma lavanderia hospitalar, alguns fatores são básicos para a elaboração do projeto, como por exemplo a necessidade de se determinar com a maior precisão possível, qual a quantidade, peso e tipo de roupa a ser processada. Esses dados influirão sobremaneira no dimensionamento das áreas, equipamentos, instalações, recursos humanos necessários, enfim na capacidade da lavanderia.
Para se determinar a exata quantidade e peso da roupa faz-se necessário conhecer o número total de leitos do hospital e sua taxa de ocupação. A seguir, o tipo de hospital ou suas finalidades, a frequência de troca de roupa dos leitos e o volume de roupa usada pelas diversas unidades.
Num hospital geral, a troca de roupa dos leitos e dos pacientes é mais frequente, podendo-se admitir a troca diária de um lençol, o que equivale a 4 kg/leito/dia. Já num hospital de longa
permanência, para doentes crônicos, esta troca pode ser efetuada com menor freqüência: duas
trocas de roupa dos leitos por semana, o que eqüivalerá a 2kg/leito/dia.
Em unidades de pronto-socorro, obstetrícia, pediatria ou hospital geral de maior rotatividade, a troca diária de roupa dos leitos equivale a 6 kg/leito/dia.
Num hospital em que há troca diária de roupa dos leitos de pacientes e acompanhantes e que lave os uniformes dos funcionários, o índice fica entre 7 a 8 kg/leito/dia, que é o atualmente usado nos Estados Unidos da América, em hospitais de alto nível de atendimento.
Para se calcular o peso de roupa a ser processada por dia, utiliza-se a seguinte fórmula:

A organização da jornada semanal de trabalho é fator importante na estimativa da capacidade da lavanderia, já que o consumo contínuo de roupas acarreta, após dias não trabalhados, um aumento considerável de peças de roupa a serem lavadas, produzindo uma sobrecarga no equipamento quando do reinicio da jornada. É aconselhável, portanto, o funcionamento permanente da lavanderia, a fim de que sua produção fique compatível com as instalações.
Se a lavanderia funcionar menos de 7 dias por semana deverá ser feito o respectivo acréscimo para o cálculo final de sua capacidade, haja vista que o consumo de roupa não deixa de ser diário.

Para o cálculo do peso de roupa por hora de trabalho, utiliza-se a fórmula a seguir, com a redução de 20% na jornada de trabalho, considerando-se a quebra da eficiência real do servidor, por interrupções inevitáveis:

Para simplificar o cálculo da produção horária, no regimes de 48 horas semanais de trabalho, pode-se usar os seguintes coeficientes de produção horária para uma fórmula abreviada:

Estes coeficientes são:
0,18 kg/leito/hora, em hospital que consome 1 kg/leito/dia;
0,37 kg/leito/hora, em hospital que consome 2 kg/leito/dia;
0,55 kg/leito/hora, em hospital que consome 3 kg/leito/dia;
0,73 kg/leito/hora, em hospital que consome 4 kg/leito/dia e
1,09 kg/leito/hora, em hospital que consome 6 kg/leito/dia.
Tomando-se como exemplo um hospital que consome 6 kg de roupa por leito/dia, ou seja, um
hospital que troca diariamente a roupa dos leitos, obtém-se o seguinte resultado, considerando-se que este hospital possua 200 leitos:
200 x 1,09 = 218 kg/h
Um índice de consumo de roupa de 6 kg/leito/dia permite maior maleabilidade na utilização
dos leitos, compatível com um atendimento de nível elevado.

A taxa média atual de ocupação dos leitos de um hospital situa-se em torno de 80%, considerando-se o aumento progressivo do uso de roupa no hospital, devido ao natural incremento da ocupação de leitos pela melhoria da assistência prestada e consequente redução da média de permanência, acrescenta-se 20% à capacidade da lavanderia, como margem de segurança.
Esse acréscimo tem, ainda, a finalidade de suprir o déficit de roupa limpa ocasionado pelos dias não trabalhados, como domingos e feriados ou quando o regime de trabalho semanal é mais curto.


O seguinte exemplo mostra o acima referido:

A jornada de trabalho, para efeito de cálculo, é em geral de 8 horas. Este dado é importante, pois ao reduzir-se ou ampliar-se a jornada de trabalho, o resultado advindo certamente incidirá no dimensionamento do equipamento, já que a produção da lavanderia tem que permanecer
atendendo às necessidades do hospital.
Certos tipos de roupas, como a roupa pessoal dos pacientes, uniformes de servidores residentes e roupas provenientes de residência, devem ser calculadas à parte, sendo seu peso adicionado ao da roupa hospitalar a ser processada, a fim de se encontrar a real capacidade da lavanderia.
Portanto, não é possível, preestabelecer as proporções da área da lavanderia, suas instalações e o pessoal necessário tendo por base, apenas, o número de leitos do hospital.

  1. ESPAÇO FÍSICO
    Ao se pensar na execução de um projeto arquitetônico de lavanderia, é necessário, primeiro,
    elaborar um levantamento relativo às atividades que nela serão desenvolvidas, assim como
    espaços indispensáveis aos seus usuários.
    3.1. Considerações
    Uma análise cuidadosa desses elementos e suas inter-relações poderá subsidiar uma progra-
    mação detalhada das necessidades relativas ao espaço físico, em que deverão constar todas as
    dependências do serviço, com suas áreas aproximadas.
    A elaboração desse programa de área baseia-se, principalmente, nos seguintes fatores:
    a) Peso da roupa

Este é o ponto de referência de maior importância, por ser o que vai determinar a capacidade
da lavanderia. A área é diretamente proporcional à quantidade; qualidade e peso da roupa a
ser processada. A estimativa da quantidade de quilo/roupa se dá em função da roupa prevista
para ser utilizada pelos pacientes e pessoal.
b) Tipo de roupa
O tipo de roupa, padronização de modelos e tecidos também influencia na determinação do
espaço e dos equipamentos. Se o hospital só usa roupa de tecido de algodão, por exemplo, a
lavanderia precisará ter mais espaço para equipamento do que seria necessário caso utilizasse
roupas de fibras sintéticas misturadas com algodão.
c) Equipamento
O espaço da lavanderia está sempre condicionado aso tipo de equipamento utilizado: modelo, quantidade e dimensão.
d) Instalações
As instalações hidráulicas, sanitárias, elétricas e de vapor devem estar condicionadas às disposições dos equipamentos.
e) Tipo de hospital
A quantidade de roupa a ser lavada está vinculada ao padrão de assistência e à especialidade do hospital, por exemplo, um hospital de psiquiatria lava, em média, 1 kg de roupa por paciente/dia, enquanto que um hospital geral lava 4 kg de roupa por paciente/dia.
f) Fluxo da roupa
É de fundamental importância um estudo cuidadoso do fluxo da roupa, não devendo ocorrer cruzamento entre a roupa suja e a roupa limpa, visando evitar contaminação.
Um fluxo bem estudado racionaliza tempo, equipamento, pessoal e área de circulação, propiciando à lavanderia uma melhor funcionalidade.
g) Técnica de processamento
O espaço físico poderá, ainda, ser condicionado pela programação dos tempos de cada operação, pelas técnicas de lavagem e medidas de eficiência. Daí a necessidade de se conhecer esses elementos, que, de forma significativa, participam da determinação físico-espacial.
h) Jornada de Trabalho
A duração da jornada de trabalho é também um fator de determinação do espaço da lavanderia, já que a ela se associa o número de equipamentos a serem instalados, redundando, consequentemente, em maior demanda de área física.
Um hospital com um sistema de 12 horas de trabalho, poderá funcionar com menos equipamento e menor espaço do que um que tenha o sistema de 8 horas diárias.
i) Pessoal
Conhecer o número e a qualificação dos servidores que trabalham na lavanderia constitui um dado importante para o dimensionamento da área. O número de servidores depende do equipamento, das instalações e dos métodos utilizados. A qualificação do pessoal possibilita a utilização do equipamento e de processos inovadores, reduzindo assim o custo operacional e otimizando o espaço.

j) Distribuição do equipamento
A organização eficiente da lavanderia permite, também, racionalização de espaço e de equipamento, sendo necessário um estudo minucioso de tempo e movimento.
l) Condições climáticas
A quantidade de roupa a ser lavada depende das condições climáticas locais. Nas regiões frias, usam-se mais cobertores e colchas do que nas regiões quentes. Este fator chega a soma até 50% a mais no peso da roupa usada, interferindo consideravelmente no dimensionamento da lavanderia.
3.2. Localização da Lavanderia
A lavanderia deve estar localizada preferencialmente no pavimento térreo, junto à área de serviços gerais. Para conferir-lhe a mais correta e adequada localização, deve-se considerar os seguintes aspectos:

3.3. Organização espacial
Na organização do espaço físico deve-se considerar, para maior funcionalidade, que a lavanderia seja implantada em um único pavimento.
Os espaços devem ser considerados quanto ao seu volume (pé direito). Existem áreas que necessitam de menor altura, como os vestiários e depósitos.
O pé-direito deve ser diretamente proporcional às dimensões dos equipamentos ( ex:.coifa sobre calandra), necessidade de volume de ar e, principalmente, em função da atividade do homem.
Com base nos estudos das atividades desenvolvidas na lavanderia, foi possível identificar e qualificar os espaços propostos para a mesma.
3.4. Organização funcional
A concepção do sistema de organização funcional fundamenta-se na análise dos fatores que caracterizam as atividades e na interpretação das respectivas relações funcionais (figuras 1 e 2).

FIGURA 2 – Sistema de processamento da roupa na lavanderia utilizando área física como barreira de contaminação.

  1. EQUIPAMENTO, MATERIAL E INSTALAÇÕES
    A lavanderia hospitalar exige a instalação de equipamentos e a utilização de materiais diversos.
    A previsão, a instalação, a conservação ou manutenção de equipamento e do material são fatores de capital importância para a implantação e funcionamento eficiente de uma lavanderia hospitalar.
    4.1. Equipamento
    É o conjunto de máquinas e aparelhos que constam da instalação da lavanderia, sem os quais se torna impossível seu funcionamento.
    Para cálculo da capacidade do equipamento a ser instalado, pode-se tomar como base as estimativas de utilização de roupa:

-centrífuga ou extratora

– Ferro elétrico – equipamento tradicional de uso doméstico, eventualmente usado na lavanderia hospitalar.
– Balança – é o instrumento utilizado na lavanderia para determinar o peso da roupa e dos produtos de lavagem.
Dois tipos de balança são indispensáveis ao bom funcionamento da lavanderia:

Prever seis pacotes de roupa para cada cirurgia realizada por dia, levando-se em conta os tipos
e quantidades de cirurgias a serem realizadas.
– Padronização
A padronização da roupa hospitalar é necessária para facilitar e reduzir os custos de sua ope-
racionalização e ou processamento.
A padronização abrange modelo da peça, tipo de tecido e cor. É também o primeiro passo
para a adoção de equipamento automático.
Na escolha dos modelos, deve-se levar em consideração a simplificação e a padronização dos
mesmos, evitando grande variedade de tamanhos e detalhes.
Tecidos – dos tipos de tecidos existentes para a confecção de roupa, os mais utilizados em
hospital são:

O dimensionamento correto das instalações de uma lavanderia é determinado em função do
equipamento adotado.
As instalações para a produção energética (caldeiras, compressores) devem ser previstas com
uma reserva de, pelo menos, 30%. Devido à manutenção preventiva e corretiva das máquinas,
deve-se prever unidades sobressalentes, a fim de que os serviços não entrem em colapso.
As instalações devem permitir a eventual ampliação ou alteração futura do equipamento.
As canalizações devem estar completamente livres, com fácil acesso e pintadas nas cores
convencionais ou com símbolos adequados, segundo a ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas, a fim de facilitar a sua manutenção e aumentar a segurança. As linhas de
vapor e água quente devem estar cuidadosamente isoladas, visando a proteção do pessoal, a
diminuição dos custos operacionais e a redução do calor transmitido no meio ambiente.
a) Água
A qualidade da água a ser utilizada na lavanderia é muito importante para o processo de lavagem. A análise da água existente na localidade é indispensável ao planejamento da lavanderia.
A água deve atender, pelo menos, a três requisitos:
1) Ser “mole”, pois a água “dura” contém sais de cálcio e magnésio e sua utilização na lavagem da roupa produz desperdício de produtos à base de sabão, além da destruição prematura da roupa e diminuição da capacidade de absorção do tecido, tornando a roupa áspera e acinzentada.
2) Não conter ferro ou manganês, que amarelam a roupa e danificam as máquinas, devendo ser eliminados por meio de filtragem.
3) Não conter matéria orgânica, que também deve ser eliminada por meio de filtragem.
Metade da água utilizada no hospital é destinada ao consumo da lavanderia. Estima-se entre 35 a 40 litros de água para cada quilo de roupa seca nas máquinas de lavagem, em cargas individuais. Para suprir esta demanda, faz-se necessária a utilização de reservatórios próprios para este serviço, considerando-se a previsão de 250 litros/leitos/dia.
A pressão da água e o diâmetro da tubulação devem ser suficientes para abastecer as máquinas de lavar em menos de um minuto.
Além do abastecimento das máquinas de lavar e dos sanitários, faz-se necessário, também, colocar pontos de água:

b) Esgoto
O esgoto da lavanderia deve ter uma capacidade suficiente para receber o efluente de todas as
máquinas de lavar, simultaneamente, não incorrendo no perigo de transbordamento e contaminação.
As canaletas sob o gradil devem ter aproximadamente 20 cm de profundidade, com inclinação para facilitar o escoamento imediato da carga total das lavadoras.
Nunca se deve utilizar a mesma canalização para a área limpa e a suja.
Com a lavagem, certa quantidade de felpa e outros resíduos acompanham o efluente. A par disso, é importante a instalação de uma caixa de suspensão (ou caixa de gordura) com tela para reter os fiapos de roupa e impedir o entupimento da rede. Essa caixa deve ser instalada entre o serviço de lavanderia e o esgoto do restante do hospital.
Os hospitais da zona urbana lançam seu efluente diretamente na rede de esgotos, onde será devidamente tratado.
Os hospitais localizados em lugares onde inexiste rede de esgotos, lançam seu efluente no rio ou em fossa séptica, após prévio tratamento. Pelo perigo de contaminação, o efluente deve ser tratado com cloro (20 a 25 ppm) antes de ser lançado no rio. Por norma, a capacidade de uma
fossa não pode exceder 75000 litros por dia (NB 19 da ABNT).
Outras informações podem ser colhidas no livro de normas – Portaria MS-GM nº 1884 / 94, deste Ministério.
c) Vapor
O vapor consumido na lavanderia para o aquecimento da água, secadoras, calandras e prensas, deve ser de alta pressão (100 a 147 libras/pol 2 ).
Na maior parte dos hospitais, as caldeiras abastecem o serviço de nutrição, a central de esterilização, a lavanderia e os aquecedores de água. Deve-se, no entanto, evitar grandes distâncias nas tubulações, para não haver perda de carga..
O aquecimento da água por vapor é a forma mais econômica para lavanderias acima de 300
kg de roupa/dia, principalmente se for usado óleo APF ou BPF (óleo baiano) para abasteci- mento das caldeiras. Para cada máquina deve ser observada a pressão adequada de vapor a ser
utilizada.
Nas instalações, devem ser usados tubos de aço galvanizado, sem costura, devidamente revestidos e levemente inclinados.
d) Ar comprimido
É utilizado para as prensas e para os controles automáticos das máquinas de lavar.
Quando não há instalação centralizada, faz-se necessária a previsão de dois compressores (6 a 10 atmosferas efetivas), equipados com secadoras de ar, separadores de óleo, condensadores e silenciadores.
e) Energia elétrica
Ver normas da Portaria MS-GM nº 1884/94.

Para se determinar a potência a ser consumida na lavanderia é necessário o conhecimento exato das especificações do equipamento a ser instalado.
O cálculo aproximado previsto como força motriz é de 0,1 kw-h por quilo de roupa seca, o suficiente para as máquinas de lavagem em parcelas ou lotes.
Utilizando-se o sistema de lavagem contínua, aquecimento da água bem como ventilação mecânica e eventuais meios de transporte, como monotrilhos e esteiras rolantes, a força motriz deve ser recalculada.
Deve-se evitar o aquecimento da água e a produção de vapor através de energia elétrica, por serem meios mais onerosos, admitindo-se, no entanto, que em pequenas lavanderias esta seja a solução mais viável para o funcionamento das calandras e secadoras.
A alimentação elétrica deve ser trifásica a quatro fios (3 fases e 1 neutro), na tensão e freqüência da rede local, provida por meio de um subalimentador da alimentação geral.
O painel de distribuição deve ser de fácil acesso à manutenção, e provido de fechadura.
É essencial que todas as máquinas elétricas sejam adequadamente aterradas, conforme a última edição da NB-3 – Instalações elétricas de baixa tensão, da ABNT.
Todos os equipamentos e cabos elétricos devem ser devidamente protegidos.
As tomadas para equipamento portátil, usadas nas áreas de processamento, devem ser colocadas a um metro e cinqüenta do piso e do tipo blindado com chave.
f) Iluminação
A iluminação natural é sempre mais tranqüilizante do que a artificial.
Para a iluminação artificial, deve-se observar o dimensionamento do ambiente que se quer iluminar, a fim de se obter a iluminação necessária, atentando-se que a seção de costura requer uma luminosidade maior do que os outros ambientes.
As lâmpadas fluorescentes, quando bem distribuídas, denunciam melhor qualquer mancha que possa existir na roupa.
g) Ventilação e exaustão
Levando-se em consideração a quantidade de calor e vapor produzidos durante o processamento da roupa, a escolha da localização, da insolação, do pé direito e das janelas do serviço da lavanderia deve ser bem planejada.
A ventilação deve propiciar um ambiente de trabalho adequado, aumentando a eficiência do pessoal e impedindo a disseminação de microrganismos.
Quanto ao sistema de ventilação da lavanderia, é importante a criação de uma diferença de pressão barométrica, com pressão mais baixa na zona contaminada. O ar deve fluir sempre do
lado limpo para o lado sujo.
O sistema de exaustão da área contaminada e o da área limpa devem ser independentes um do
outro. A tomada de ar fresco para a área limpa deve ser localizada o mais distante possível da
exaustão de incineradores e caldeiras e da exaustão da área contaminada da própria lavanderia.
A saída de ar, acima do forro, deve ser cuidadosamente estudada, de modo a não contaminar
os serviços adjacentes.

Dependendo da posição da lavanderia em relação ao restante do edifício, não convém lançar o ar contaminado diretamente para o exterior, pois poderia levar contaminação para outros ambientes. Em alguns hospitais, o ar, antes de ser lançado na atmosfera, passa através de uma cortina de água com produtos especiais para sua purificação, evitando que se torne fonte de contaminação.
Com freqüência, faz-se necessário o tratamento do ar na saída da área contaminada, por meio de filtros térmicos ou químicos, que requerem boa limpeza e manutenção.
Para se captar calor e umidade diretamente nos locais de origem, é conveniente a previsão de uma coifa sobre a calandra, com altura máxima de 60 cm acima da mesma, e que outros exaustores estejam previstos perto de lavadoras, secadoras e prensas.
Dois tipos de exaustão são considerados: um para secadoras e calandras e outro para a ventilação dentro da lavanderia.
A exaustão dos secadores será feita por tubos amplos ( 8 polegadas ), ligados de tal forma que a tiragem de uma secadora não intercepte a da outra, devendo também possuir uma ou mais portas para inspeção e limpeza periódica.
No caso de saída de ar para fora do prédio, deve-se construir uma caixa com porta de tela fina, para reter as felpas que se desprendem das roupas durante a secagem.
h) Drenos
Junto às lavadoras, no lado da saída da roupa lavada, deve ser prevista uma canaleta, recoberta com piso gradeado de fácil remoção, destinada ao escoamento da água servida.
Deve ser prevista, também, uma caixa na saída das manilhas e canaletas, provida de grade para reter as felpas que escoam junto com a água servida.

  1. OPERACIONALIZAÇÃO
    A operacionalização eficiente da lavanderia depende de alguns fatores precedentes desta fase, como por exemplo uma boa organização, uma chefia competente, um programa efetivo de treinamento em serviço e a adoção de sistemas adequados de incentivos.
    Sem a harmonização desses quatro fatores, indispensáveis ao controle da mão-de-obra, a produção será ineficiente mesmo dispondo da mais moderna tecnologia.
    A operacionalização da lavanderia abrange todo o circuito da roupa, desde a sua utilização nas diversas unidades do hospital, passando pela coleta da roupa suja nessas unidades, até sua redistribuição após o devido processamento.

A utilização correta da roupa contribui para a conservação dos tecidos, para o conforto do usuário e para a redução dos gastos.

O uso inadequado de peças de roupa, como por exemplo limpar sapatos com toalhas ou lençóis, vestir peças de adultos em crianças, rasgar ou cortar peças para enfaixamento ou outros usos, traz prejuízos de ordens diversas.
5.1. Processamento da roupa na área suja
Coleta – A coleta deve ser realizada em horário preestabelecido e a roupa suja deve permanecer o menor tempo possível na unidade.
Durante a operação de coleta, o servidor deve usar luvas de borracha, máscara e gorro.
A roupa suja deve ser colocada direta e imediatamente no hamper, em sacos de tecido forte de algodão ou náilon, sendo que para a roupa contaminada devem ser usados sacos plásticos.
Os sacos de tecidos devem ser fechados com cordão, tiras largas de borracha ou com uma aba costurada na parte superior; os de plástico são fechados com um nó.
Após fechado, o saco de roupa suja é retirado do hamper e colocado em carro próprio que, completada sua capacidade, transporta a roupa até a recepção da lavanderia.
A roupa suja da noite, domingos e feriados, períodos em que a lavanderia não funciona, permanece em sacos fechados, de preferência em um carro, no depósito de roupa suja da unidade até poderem ser removidos para a lavanderia.
Os sacos podem ser caracterizados por cores ou sinais, para identificar a unidade de procedência da roupa, como por exemplo azul para o centro cirúrgico e verde para o centro obstétrico. Devem, ainda, conter o nome da unidade e a data da coleta.
Os carros utilizados na remoção dos sacos de roupa suja nunca devem ser utilizados para o transporte de roupa limpa. Igualmente, deve ser evitado o cruzamento da roupa suja com a limpa.
O percurso e o elevador usados na remoção dos sacos de roupa suja não devem ser utilizados simultaneamente por carro de roupa limpa ou de comida.
Terminada a coleta nas unidades, a roupa suja é transportada à recepção do setor de roupa suja, para o processamento em nível de lavanderia.
Em caso de lavanderia centralizada que lave a roupa de outros estabelecimentos da rede, o chefe ou encarregado da lavanderia deve treinar os responsáveis pela coleta e transporte da roupa.

FIGURA 3 – Fluxograma operacional da lavanderia hospitalar
Recepção – na área de recepção, a roupa é retirada do carro de coleta, a fim de ser separada e pesada.
Separação – na área de separação, os sacos de roupa suja são pesados e o resultado do peso é
registrado em impresso próprio, para o controle de custos das diversas unidades

A boa lavagem começa na separação da roupa suja, quando será classificada segundo o grau de sujidade, tipo de tecido e cor.
Essa classificação, realizada durante a separação, tem a finalidade de:

Para se determinar com segurança a fórmula ou a quantidade de acidulante a ser adicionada,
deve-se controlar periodicamente o pH da água que chega à lavanderia.
d)Amaciamento – é uma operação que consiste em adicionar, na última enxaguadura de determinados tecidos, um produto que contém glicerina em sua composição e produz o amolecimento ou elasticidade das fibras, tornando o tecido suave e macio.
O amaciante produz os seguintes efeitos:

duo de produtos, iodo, mercúrio, violeta de genciana, nitrato de prata, argirol, nódoa de frutas
e outros.
Certas manchas são removidas com a aplicação de um único tipo de removedor, já outras exigem a aplicação de dois ou mais removedores:

a)Centrifugagem – a carga da centrífuga deve ser distribuída uniformemente dentro do tambor, em pequenos montes de roupa, ajustados, em peso equilibrado, para evitar que o tamborao girar, se afaste do eixo, no ponto mais pesado, levando ao estrago rápido do equipamento eda roupa, por torção ou repuxo.
A carga de roupa na centrífuga será coberta com um pano resistente, tipo lona, antes de se colocar a tampa, para melhor vedação e acondicionamento.
Na centrifugagem, em geral, pela eliminação da água, se reduz 60% do peso da roupa.
Terminada a centrifugagem a roupa é retirada, selecionada, colocada em carrinho e encaminhada à secagem ou tratamento adequado a cada tipo.
Na seleção, consideram-se os seguintes aspectos:

diversas unidades do hospital. É na rouparia que se faz a estocagem (repouso) da roupa, distribuição e costura, incluindo conserto, baixa e reaproveitamento.
a) Estocagem – mantém para reposição e emergência, tanto roupa em rotatividade como em
estoque de reserva.
b)Distribuição de roupa limpa – cada unidade recebe 1 ½ (uma e meia) a 2 (duas) mudas
para cada leito, por dia, dependendo do horário de atendimento da rouparia. Uma das mudas
fica no leito e uma ou meia muda fica na estante ou carro-prateleira, na unidade de enfermagem, como estoque de reserva para apenas um dia.
Esse estoque de reserva deve constar em uma relação ou lista de roupa, protegida com capa plástica e afixada ou dependurada no carro ou prateleira, na unidade de internação. Para cada tipo de roupa deve existir uma marca lateral, no carro ou na prateleira, indicando a altura da pilha necessária e permitindo visualizar rapidamente qualquer falta de artigo. Durante os plantões da manhã e da tarde, a reserva é complementada mediante a requisição da roupa necessária, verificada nas prateleiras.
Um outro sistema de distribuição de roupa para as unidades é o chamado troca de cota ou
troca de carro. Neste sistema, diariamente, a rouparia entrega um carro contendo a cota fixa
de roupa de cada unidade e retira o carro do dia anterior, esteja ele vazio ou não. Em qualquer sistema de distribuição, a reserva de roupa deve ser restrita a cada plantão.
A maior parte de troca de roupa, na unidade de internação, ocorre nas primeiras horas da manhã, portanto, a entrega incerta ou impontual prejudica consideravelmente o trabalho da enfermagem.
d)Costura – as peças de roupa danificadas, aproveitáveis, são reparadas e recolocadas em uso. O conserto precoce amplia a vida útil da roupa.
As peças danificadas não aproveitáveis recebem baixa no estoque, porém algumas podem ser transformadas em outras peças úteis, como por exemplo uma toalha estragada que pode ser transformada em luvas de banho, um lençol de adulto em lençol de criança, ou outras. Após o conserto, a roupa volta a ser lavada.

  1. ADMINISTRAÇÃO
    A administração da lavanderia hospitalar visa a contribuir para a segurança e bem-estar do
    paciente e do servidor da área e a otimização do padrão do hospital.
    A administração compreende as fases de planejamento, organização, coordenação, direção ou
    comando e controle.
    6.1. Organização
    A fase de organização da lavanderia pressupõe, sempre, um planejamento anterior ( descrito
    em capítulo específico ).
    Ao se organizar uma lavanderia hospitalar, todo o seu funcionamento deve estar descrito em
    Manual de Orientação.
    Esse manual deve conter a especificação de cada atividade, a estrutura hierárquica, normas e
    rotinas, mostrando claramente a organização e execução do trabalho.

As funções desempenhadas pelo servidor da lavanderia devem constar do regulamento do
hospital.
A estrutura administrativa da lavanderia está representada no seu organograma (figura 4).
A lavanderia deve estar subordinada à administração do hospital, fazendo parte dos serviços
de apoio, também chamados serviços gerais.
Em um hospital pequeno, o chefe da lavanderia está diretamente subordinado ao Diretor Administrativo; nos hospitais maiores, há um nível hierárquico intermediário nas direções dos
serviços de apoio.

FIGURA 4 – Organograma da lavanderia
O organograma do serviço de lavanderia reflete a organização, comando, subordinação e distribuição de atividades dentro dos setores ou áreas.
Os setores ou áreas são os seguintes:

6.2. Coordenação

A coordenação única da lavanderia possibilita a obtenção de um funcionamento harmonioso e
uma produção eficiente.
6.3. Direção
Nesta fase administrativa, os recursos são gerenciados e dinamizados visando o efetivo funcionamento do serviço de lavanderia. A direção e coordenação são geralmente exercidas pela
mesma pessoa.
As funções administrativas da lavanderia podem ser sintetizadas na previsão, higienização,
conservação e fornecimento de roupa à todas as unidades do hospital, em perfeitas condições
de uso.
Essas funções devem estar integradas sob uma única chefia administrativa, com plena autoridade em todas as fases do processamento da roupa, desde a coleta até a sua redistribuição.
A chefia única possibilita um controle eficiente da roupa que circula no hospital, do material,
dos métodos de trabalho e do desempenho do pessoal envolvido no processo.
A descrição das funções define os deveres de cada servidor, favorecendo a distribuição de
tarefas e permitindo a racionalização do trabalho.
A execução correta de cada tarefa exige uma rotina técnica, escrita, para cada servidor, descrevendo cada passo em seqüência exata, incluindo, quando necessário, especificações referentes às máquinas, a produção e métodos de trabalho. Além dessas rotinas relacionadas com o processamento da roupa, existem as rotinas administrativas para facilitar o entrosamento da unidade de lavanderia com os demais serviços do hospital, como rotinas de requisições ao almoxarifado, de revisão e manutenção de equipamentos, rotinas de horas extras, e outras.
6.4. Controle
O efetivo controle administrativo proporciona o uso integral dos recursos para a obtenção dos
objetivos e metas programadas, a custos operacionais adequados.
Os mecanismos de controle mais usados na lavanderia são a supervisão e a avaliação.
a)Supervisão – a supervisão na lavanderia, realizada em caráter de permanente observação e
orientação do pessoal, contribui para o desenvolvimento deste e conseqüente eficácia do serviço.
A supervisão sistemática possibilita a detecção precoce de problemas, que constituem obstáculos ao desenvolvimento normal das atividades, e estuda os meios de solucioná-los. Favorece a manutenção preventiva do equipamento, o controle de gastos, a prevenção de acidentes, o
controle da produtividade e o inter-relacionamento dos diversos setores de trabalho.
b)Avaliação – mede a eficácia, adequação e eficiência do serviço, comprova o alcance dos
objetivos e metas e orienta o emprego de medidas para a correção de desvios.
A avaliação contínua permite aferir ou medir, com exatidão, os resultados obtidos em termo
de:

  1. Produtividade do sistema empregado, através de estatísticas de produtividade diária e mensal.
  2. Custos do processamento e utilização da roupa mediante estatísticas de gastos (produtos,
    roupas, horas de trabalho, energia elétrica, água, desgaste e manutenção do equipamento).
    A comparação da estatística de gastos com a de produtividade permite avaliar os custos operacionais e a eficácia da lavanderia.
  3. Qualidade do processamento da roupa por meio de testes específicos:
    a) teste bacteriológico do meio ambiente e da roupa limpa, nos seguintes casos:
  1. PESSOAL
    O pessoal representa cerca de 60% dos custos da lavanderia.
    Para que o desempenho satisfatório do trabalho, todo pessoal da lavanderia deve ter um nível
    de instrução básica que lhe permita interpretar e executar perfeitamente as rotinas, técnicas e
    controle das máquinas, bem como fazer registros precisos, considerando sua importância para
    a análise dos resultados.
    Hierarqicamente, a primeira função na administração de pessoal é representada pela chefia.
    Os requisitos necessários ao chefe da lavanderia são:

Nas lavanderias de grande porte, em geral, há um intermediário entre o chefe e os encarregados de setores, denominado encarregado da lavanderia.
7.1. Atribuições do pessoal conforme função ou encargo
a) Atribuições do chefe e ou encarregado da lavanderia:

  1. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL
    O material representa o apoio logístico necessário ao bom funcionamento do serviço.
    A administração de material compreende uma série de funções administrativas, destacandose, na lavanderia as seguintes: previsão, provisão e controle.
    a)Previsão – ao se prever o material para a lavanderia, deve-se fazer um plano do que é necessário e um estudo do que é oferecido pelos fornecedores, para se decidir pelo mais adequado, conveniente e menos oneroso.
    Recomenda-se a padronização dos materiais, principalmente da roupa e dos produtos. É importante ressaltar que existe uma correlação entre o material e os procedimentos adotados.
    A previsão do material deve ser realizada sistematicamente, em períodos regulares (trimestrais, semestrais ou anuais), para assegurar o abastecimento da lavanderia.
    b) Provisão – os materiais necessários à lavanderia devem ser solicitados ao almoxarifado em
    períodos preestabelecidos, mediante requisições em formulários próprios.
    c) Controle – o material pode ser controlado por meio de fichas de entrada e saída, boletins
    estatísticos de gastos e produtividade, supervisão, auditoria e levantamentos periódicos. A
    marcação de roupa com a identificação do hospital é também um método de controle, ofere-
    cendo informações e desencorajando o desvio de peças.
  2. MANUTENÇÃO, SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO
    Cada indivíduo tem obrigação de zelar pela saúde, bem-estar, segurança própria e de seus
    semelhantes. É necessário que se observem certos princípios para evitar enfermidades e acidentes, sendo imprescindível que as pessoas envolvidas sejam protegidas contra o risco de
    contaminação e acidentes.
    No caso da lavanderia, é imprescindível que as pessoas envolvidas no processamento da roupa, bem como aquelas que dela farão uso, sejam protegidas contra o risco de contaminação e
    acidentes.
    9.1. Manutenção
    A manutenção compreende cuidados técnicos indispensáveis ao funcionamento regular e
    permanente de motores, máquinas e instalações e engloba tanto medidas preventivas como as
    corretivas.
    a)Manutenção preventiva – são medidas de controle, periódicas, compreendendo, vistorias,
    ajustes dos equipamentos e instalações, lubrificação, lavagem, pintura e limpeza. Muitas medidas de manutenção preventiva têm seu início no próprio projeto de instalação da lavanderia.
    Assim, devem também ser considerados o abastecimento de vapor e água, o funcionamento
    das caldeiras e a lavanderia propriamente dita, bem como o destino adequado do efluente,
    evitando transbordamento e contaminação.
    A canalização deve estar completamente livre e pintada em cores convencionais, ou com símbolos adequados para facilitar a manutenção e aumentar a segurança.

O uso de sinalização, cores e quadros de aviso com instruções e cuidados na manipulação de
equipamentos e instalações são essenciais à segurança do usuário e da maquinaria.
Todas as linhas de vapor e água quente devem estar cuidadosamente isoladas, para proteção
do pessoal, diminuição dos custos operacionais e redução do calor transmitido ao meio ambiente. É necessário, também, evitar longas distâncias de percurso das canalizações, que implicam em maior perda de carga.
As impurezas como minerais, matéria orgânica e outras, causam corrosão, incrustação ou sedimentação, reduzindo a vazão na tubulação, assim como seu rendimento, e influindo nocustos.
As tubulações do sistema elétrico, hidráulico e mecânico, necessárias ao abastecimento da
lavanderia, nunca deverão ser embutidas, pois devem correr em forros ou pisos falsos, desembocando em poços de visitas para facilitar a sua manutenção e ou alterações.
A separação física entre as áreas suja e limpa, o sistema de ventilação rigorosamente controlado, o não cruzamento entre material limpo e sujo, são medidas preventivas que começam na própria elaboração do projeto arquitetônico.
b)Manutenção corretiva – é preciso considerar as operações de reparo e reposição que são feitas no próprio local e outras que demandem remoção do equipamento.
Na disposição dos equipamentos e instalações, deve-se prever espaços e condições que facilitem a manutenção dos mesmos, assim como o dimensionamento das circulações e acessos.
9.2. Segurança e higiene do trabalho
A segurança e higiene do trabalho, na lavanderia, se estende ao pessoal envolvido no processamento da roupa em todo o hospital.
Entre os aspectos mais importantes, consideram-se a infecção hospitalar e contaminação; os acidentes de trabalho e as instalações de proteção contra incêndios e outros acidentes.
9.2.1 Acidentes de trabalho e sua prevenção
Acidente de trabalho é toda ocorrência inesperada que interfira no andamento normal do trabalho e que possa resultar em lesão do trabalhador, em perda de tempo útil, em dano de materiais ou nos três casos, simultaneamente.
Os acidentes de trabalho são basicamente causados por ato inseguro do trabalhador ou pela própria condição de insegurança do trabalho.
A prevenção de acidentes é o processo ou série de providências tomadas com o objetivo de eliminar ou reduzir os riscos em qualquer situação de trabalho.
O objetivo da prevenção de acidentes é a valorização do trabalhador, elevação da produtividade, redução dos custos e melhoria de qualidade de produto ou serviço.
As empresas privadas e públicas e os órgãos governamentais, que possuam empregados regidos pela CLT, ficam obrigados a criar e manter em funcionamento uma Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – CIPA, cujo como objetivo é observar e relatar as condições de riscos nos ambientes de trabalho, solicitando ao empregador as medidas necessárias para reduzir
e até eliminar os riscos existentes, assim como orientar os funcionários quanto a prevenção de
acidentes, conforme a Lei nº 6514, de 22.12.77 e a NR-4, do Ministério do trabalho (Portaria
nº 33, de 27.10.83).
9.2.2 Ergonometria

O projeto do equipamento influi no conforto, segurança e rendimento do trabalho. Carros ou
equipamentos muito baixos ou altos causam fadiga e diminuem o rendimento do trabalho,
além de propiciar o surgimento de problemas de saúde.
O dimensionamento do equipamento e a distribuição dos esforços devem ser previstos de
forma a poupar o operador.
Os carros, para serem funcionais, não podem ter sua base mais baixa do que a altura do joelho
do operador, e nem altura superior a 80 cm.
Os equipamentos de proteção individual ( EPI ) são formados por máscaras, gorros, botas,
luvas e roupas especiais, que embora não eliminem o risco, o reduzem sensivelmente.
A eficiência e eficácia dos meios de proteção individual estão condicionadas à adequação do
equipamento de proteção do servidor.
9.2.3 Condições ambientais
As condições ambientai têm grande influência na prevenção de acidentes, já que compreendem medidas de proteção coletiva.
A alta temperatura, umidade, excesso ou escassez de luminosidade, ruídos e vibrações, em
ambientes como os da lavanderia, podem causar tontura, mal estar, dor de cabeça, fadiga e
outros.
Este aspecto deve ser considerado tanto para o pessoal da lavanderia como para os ambientes
contíguos ou próximos à mesma.
O controle e uso adequado da temperatura, umidade, luminosidade, insolação, ventos dominantes e renovação do ar, contribuem para o conforto dos servidores.
O projeto arquitetônico adotado, a orientação geográfica conveniente e o uso de materiais
apropriados podem melhorar o conforto ambiental.
A iluminação e ventilação devem ser, de preferência, naturais.
A lavanderia deve ter, para a sua iluminação artificial, lâmpadas fluorescentes, que, bem distribuídas, não cansam a vista e produzem o mínimo de sombra.
A intensidade da iluminação depende de cada ambiente. Assim, dentro da lavanderia, a seção
de costura requer maior luminosidade do que as demais.
A lavanderia é uma área que provoca ruído e trepidação. Dessa forma, a sua implantação deve
ser prevista em área fora do corpo principal do hospital, porém interligada com o mesmo.
A lavanderia também gera calor e vapor, em virtude dos quais devem ser previstos exaustores,
de forma a reduzir o aquecimento do ambiente.
9.2.4 Materiais de acabamento e detalhes do projeto arquitetônico
Muitos detalhes de acabamento e materiais concorrem para tornar o trabalho mais eficiente,
fácil, seguro e também agradável.
O piso, em todas as áreas da lavanderia, deve liso, resistente à água e isento de desenhos e
ranhuras que dificultem a limpeza. A superfície não pode ser escorregadia e deve ter uma
queda adequada em direção às canaletas, para facilitar o escoamento das águas servidas e
evitar a contaminação.
Os ralos e grelhas, que cobrem as canaletas do efluente das lavadoras e centrífugas, devem
ser colocados de tal forma que não haja perigo de tropeços acidentes ou dificuldades para
passagem dos carros. Detalhes de fixação das máquinas, ao piso, poderão diminuir a transmissão das vibrações.
As paredes, tetos e portas de superfície lisa, clara e lavável, livre de juntas, cantos e saliências
desnecessárias, que venham a dificultar a limpeza e a manutenção adequada do ambiente.

As portas devem ser revestidas de material ou tintas laváveis, dispondo de visores.
Devem ser previstos, sempre que possível, painéis de vidro nas paredes internas da lavanderia, de modo a permitir boa visualização entre as áreas, assim como melhorar a iluminação
ambiental.
Tendo-se em vista a umidade do ambiente, a vibração e o barulho emitidos pelas máquinas, e
sendo a lavanderia um local de trabalho que necessita de luz e higiene, o teto deve ser claro e
absorvente, a fim de melhor difundir a luz, e deve ter tratamento acústico.
A altura do pé-direito também deve ser considerada, a fim de facilitar a instalação e manutenção do equipamento e a colocação de instalações especiais.
As tomadas para os equipamentos necessários, nas zonas de processamento, devem ser blin-
dadas e colocadas a 1,50 m do piso.
Os interruptores e aparelhos de iluminação devem ser de material não corrosivo.
Os aparelhos de iluminação devem ter uma superfície externa lisa e de fácil limpeza.
O depósito de roupa usada das diversas unidades deve ter os mesmos materiais de acabamento
de construção e cuidados recomendados para o local de separação da roupa suja na lavanderia.
Deve possuir, ainda, torneira para a limpeza e desinfecção do ambiente. Não deve haver co-
municação desse recinto com as áreas limpas.
9.2.5 Equipamentos e instalações de proteção contra incêndio
É preciso prever extintores de incêndio em número suficiente e do tipo adequado para todas
as áreas da lavanderia. Na rouparia e no local de separação, podem ser usados extintores de
espuma. Perto das lavadoras e na área de acabamento, precisa haver extintores de CO2, devido ao equipamento elétrico. Para a proteção contra incêndios, devem ser observadas as legislações do Ministério da Saúde, Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do Mi-
nistério do Trabalho e do Corpo de Bombeiros local.
9.2.6 Instalações especiais de segurança
Além das chaves magnéticas, todos os motores e máquinas deverão estar ligados à terra, para
evitar acidentes, em caso de curto circuito ou choques causados pela energia elétrica.
As máquinas que trabalham com câmaras aquecidas a vapor deverão ser providas de válvula
de segurança.
Conforme o porte da lavanderia, deve ser previsto um ramal de telefone na sala da chefia.
Em locais de elevado risco de incêndio deve ser instalado um sistema de aviso de emergência
( sistema de alarme ).

  1. CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
    ” Infecção hospitalar é qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se
    manifeste durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a
    hospitalização”.
    Todo hospital deverá manter uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar ( CCIH ),
    independentemente da natureza da entidade mantenedora.
    A composição, atribuições e funcionamento da CCIH, estão contidas em legislação específica
    do Ministério da Saúde – portaria MS n º 2.616, de 12 de maio de 1.998.
  2. O controle das infecções relacionadas com o processamento da roupa hospitalar, exige uma
  3. série de medidas perfeitamente coordenadas em todos os locais de trbalho, sendo a barreira de
  4. contaminação e o controle do fluxo de pessoas e roupas as medidas mais importantes contra
  5. as infecções. Além destas, recomendam-se as seguintes:
  6. a roupa suja deve ser manuseada e sacudida o menos possível, devendo ser transportada ao
    serviço de lavnderia em sacos resistentes e bem vedados;
  7. os cobertores devem ser de tecido lavável, do tipo algodão;
  8. a roupa suja nunca deve ser contada, portanto o rol de roupa suja deve ser definitivamente
    abolido;
  9. a roupa de isolamento deve ser conduzida à lavanderia em sacos nitidamente identificados,
    sendo desinfetada numa pré-lavagem;
  10. todas as janelas devem ser providas de tela;
  11. os carros de transporte de roupa suja devem ter identificação para diferenciá-los dos carros
    usados para o transporte de roupa limpa, a fim de se evitar uma troca acidental;
  12. todos os locais e carros usados no processamento devem ser diariamente lavados e desinfe-
    tados com produtos germicidas;
  13. as máquinas de lavar devem ser regularmente desinfetadas, térmica e quimicamente, ao final
    da jornada de trabalho;
  14. o pessoal do serviço de lavanderia deve usar uniformes lavados na própria lavanderia;
  15. o pessoal da área suja deve usar uniforme de cor diferente, máscara, gorro, luvas e botas (
    borracha ). Essa indumentária deve ser de uso exclusivo deste setor;
  16. funcionários que apresentem foco de infecção não devem trabalhar no recinto da lavande-
    ria;
  17. periodicamente, a CCIH deve providenciar exames bacteriológicos para controlar os proces-
    sos de lavagem, desinfecção e limpeza das áreas de processamento e dos carros de transporte
    de roupas;
  18. as infecções no ambiente hospitalar provém de funcionários, acompanhantes, visitantes e
    dos próprios pacientes, portanto uma das medidas de controle é o conhecimento, pelo pessoal,
    da relação existente entre a roupa, os microrganismos e a doença.
    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
    ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE HOSPITAIS. Manual de lavanderia hospitalar. 3. Ed.
    São Paulo, Faculdade de Saúde Pública / USP, 1971. 159 p.
    FINER, Herman. Administração e serviços de enfermagem. Rio de Janeiro, Freitas Bastos,
  19. 352 p.
    HENKEL, S. A. Curso de aperfeiçoamento em lavanderia. ( mimeo ).
    LAVAGEM de roupas: princípios básicos. São Paulo, Lever Industrial, s.d. 1v.
    MEZZOMO, Augusto A.A lavanderia hospitalar no Brasil. São Paulo, CEBRAE, 1977.
    173 p.
    MEZZOMO, Augusto A. Lavanderia hospitalar: organização e técnica. 3 ed. São Paulo,
    Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração de Saúde, 1984. 421 p. il.
    MEZZOMO, João C. Segurança e higiene do trabalho. São Paulo, CEBRAE, 1977. 173 p.
    MINISTÉRIO DA SAÚDE. Divisão Nacional de Organização de Serviços de Saúde. Normas
    e padrões de construções e instalações de serviços de saúde. 2 ed. Brasília, Centro de
    Documentação do Ministério da Saúde, 1983. 133 p. il. ( Série A: Normas e manuais
    técnicos, 3 ).
  20. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de controle de infecção hospitalar. Brasília, Centro de
  21. Documentação do Ministério da Saúde, 1985. 123 p. il. ( Série A: Normas e manuais
  22. técnicos, 16 ).
  23. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria – Geral. Legislação brasileira sobre infecção hospi-
  24. talar. Brasília, Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1985. 33 p. ( Série E:
  25. Legislação de saúde, 2 ).
  26. PORTO, Ivan F. Lavanderia no hospital. Rio de Janeiro, Ministério da Saúde, 1956. 1v.
  27. RICHTER, Hildegard B. Moderna lavanderia hospitalar. 2 ed. São Paulo, Sociedade Bene-
  28. ficente São Camilo, 1979. 160 p.
  29. SAUTER, Gertrudes. Lavanderia hospitalar: organização e funcionamento. Revista Gaú-
  30. cha de Hospitais 5(1/2) :23-26, fev./abr/ 1977.
  31. SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Manual de padronização de roupa
  32. hospitalar. Brasília, 1980. 1v.
  33. SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Normas para controle de roupa
  34. hospitalar. Instrução nº. 19/83, de 09/05/83.
  35. SECRETARIA DE SAÚDE DE PERNAMBUCO. Rotinas e instruções de serviços de la-
  36. vanderia e limpeza. Recife, 1972. (mimeo).
  37. SILVA, Antonia da M. & LEOPOLDINO, Maria A Curso de administração de lavanderia
  38. hospitalar. Brasília, 1984. (mimeo)
  39. SOUZA, Martha M.K. Engel. Manual de lavanderia: documento preliminar. Brasília,
  40. (mimeo)